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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O espaço entre o inicio e a volta



Acordei naquela manhã de outubro, a primavera já havia chegado e as flores já se mostravam cheias de cor na minha janela. Tomei banho, vesti qualquer coisa confortável e adequada para passar o dia em casa, pijama, olhei para o espelho e fiquei um certo receio do que estava refletido. Eu mesma, com outra cor no cabelo, algumas manchinhas aqui outras ali, as olheiras  se destacavam como uma mancha de molho naquela sua camisa branca favorita. Um rosto bem diferente do que era refletido naquele mesmo espelho a quatro anos atrás, foi pura sorte aquele apartamento ter ficado vazio justo uma semana antes de eu voltar.
 E lá estava eu, no mesmo lugar, com os mesmos móveis a mesma vista da calçada quebrada pelas raízes das árvores, o barzinho no outro lado da rua que costumava ser mais movimentado, os prédios que a cada ano ficam mais acinzentados e pessoas atarefadas correndo de um lado para outro com pressa de chegar ou sair de algum lugar.
 Primeiro me perguntei o que iria tomar de café da manhã já que não tinha nado nos armários e nem nada comivel em nenhuma parte da minha nova casa além de uma metade de Pringles de cebola e salsa que comprei no aeroporto quando cheguei aqui, e depois me perguntei se não deveria sair um pouco e tentar encontrar os velhos amigos e conhecidos e dizer " surpresa, voltei!". Ai depois me perguntei se alguém se importaria e se os meus velhos amigos ainda eram amigos uns dos outros, então vesti um short e uma blusa qualquer desci as escadas e fui até o supermercado da esquina, comi por lá mesmo.
  Na caminhada de volta pensei no que fazer naquele final de semana de mudanças, decidi matar as saudade das coisas que sentia falta, subi as escadas dei  uma arrumada no cabelo um corretivo ali, mais um batom e algumas camadas de rímel, talvez um pouco demais para um sábado de manha, mas pouco importa. Abri as caixas uma por uma procurando aquele meu caderno de telefones, depois de tanto tempo usando outro código de telefone e com a internet não tinha mais nada na agenda do celular, e então, adivinha não estava em nenhuma delas. Corri até a bolsa e lá estava meu caderno com capa preta e bolinhas brancas cheias de rabiscos e rascunhos e lembretes de coisas que não faço ideia do que são e então na ultima pagina lá estava todos os telefones das pessoas que julgava que eram importantes. Peguei a bolsa desci as escadas mais uma vez atravessei a rua e pela primeira vez na minha vida comprei um daqueles cartões para usar no telefone publico, na outra esquina tinha um corri até ele coloquei o cartão disquei alguns números até que começou a dar o sinal de chamada, tive um certo frio na barriga e então uma voz, que agora já era estranha, atendeu.

Continua...

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